Capítulo 6
Análise Fundamentalista: indicadores principais
Como você acabou de aprender, conjugar diversos fatores é o caminho mais indicado para realizar uma análise mais completa e com mais chances de acerto. A seguir, vamos explicar melhor alguns destes fundamentos para que você entenda como cada um deles pode colaborar para a realização de uma Análise Fundamentalista bem feita.
Valor intrínseco
Este fundamento trabalha com a ideia de que o preço da ação que se vê na Bolsa de Valores muitas vezes não significa seu valor real. Nesse caso, o preço real da ação seria determinado pelo "valor intrínseco".
Para determiná-lo, é preciso analisar o mercado até encontrar o valor que aquela ação deve atingir a longo prazo para ter um preço justo.
A Análise Fundamentalista serve como uma ferramenta para estipular qual seria este valor intrínseco e qual seria
o tempo necessário para a ação atingi-lo.
É preciso ter atenção pois nem sempre esse valor intrínseco é fácil de determinar, e nem há formas de ter certeza de que ele está correto. Além disso, o tempo que aquela ação vai de fato gastar para chegar ao valor intrínseco é apenas uma estimativa. Por isso, é tão importante fazer uma avaliação associando diferentes indicadores e não focar em apenas um.
Balanço Patrimonial
Publicado com frequência trimestral ou anual, na maioria das vezes, o balanço patrimonial permite que se possa avaliar ativo, passivo e patrimônio líquido (PL) de uma empresa.
É considerado ativo tudo aquilo que tem a ver com os bens da instituição, como: equipamentos, propriedades, estoque, etc). E o passivo é tudo aquilo
que deve ser pago, como impostos e pagamentos de salários, contas de luz e telefonia, por exemplo.
O patrimônio líquido (PL), por sua vez, é basicamente a diferença entre o valor ativo e o valor passivo, considerando nessa conta o capital acumulado da empresa em ações, lucros que foram reinvestidos e também investimentos externos.
Demonstrativo de fluxo de caixa - DFC
Essa análise está focada, basicamente, no dinheiro que há no caixa da empresa. Ela utiliza os dados levantados no Balanço Patrimonial e também no Demonstrativo de Resultado do Exercício (DRE).
O Demonstrativo de Fluxo de Caixa (DFC) costuma ser dividido em três partes:
Atividades Operacionais
São os pagamentos ou valores recebidos ligados diretamente à produção ou entrega de bens e serviços que a empresa oferece. Por exemplo: gastos com energia elétrica, salário de funcionários e impostos.
Atividades de Investimento
Têm a ver com a compra ou venda de itens necessários para a manutenção da empresa, como por exemplo computadores, imóveis e até mesmo participação em outros negócios.
Atividades de Financiamento
Estão ligadas à realização ou pagamento de empréstimos e financiamentos. Aí estão incluídos, por exemplo, venda de ações, emissão de debêntures, pagamento de dividendos, entre outros.
Muitas pessoas costumam confundir o DFC com o DRE, afinal as siglas são bem parecidas. Mas não se engane. Enquanto o Demonstrativo de Resultado do Exercício (DRE) é usado para verificar o lucro ou o prejuízo da empresa em determinado período, o Demonstrativo de Fluxo de Caixa (DFC) indica como esse resultado reflete no caixa da empresa.
Ou seja, o DFC é uma excelente forma de entender não só quanto dinheiro está entrando e saindo da empresa, mas também de identificar como isso está afetando, positiva ou negativamente, o negócio.
Ebitda (Lajida)
Em inglês, a sigla Ebitda significa “Earnings before interest, taxes, depreciation and amortization. No Brasil, ela foi traduzida para o português e virou Lajida: Lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização.
Apesar do nome, esse indicador não é tão complicado quanto parece. Ele é usado para avaliar o desempenho da empresa a partir de sua produtividade e receita gerada.
Ou seja, ele é uma ferramenta utilizada para medir a saúde financeira de uma empresa, considerando apenas o que ela consegue gerar de receita e sem levar em conta custos e gastos com impostos.
Dividend Yield
Essa palavrinha estranha já é velha conhecida de quem investe em ações de empresas que pagam bons dividendos. Os dividendos, para quem ainda não conhece, são uma forma de empresas reterem e atraírem investidores dividindo parte de seus lucros com eles.
Esses pagamentos podem ocorrer anual, trimestral ou até mensalmente. E, na maioria das vezes, estão ligados a empresas sólidas e com forte presença no mercado.
Dividend Yield é o termo usado para definir o dividendo anual de uma ação dividido pelo seu preço atual. Assim, é possível ver se uma empresa tem boas chances de crescer.
E engana-se quem pensa que DY altos é sempre é a melhor saída, pois não é. Grande parte das vezes, empresas com Dividend Yield elevado podem estar passando por problemas e que a estimativa de crescimento não é muito otimista. Por outro lado, quando o DY está baixo, há grandes chances de que a empresa ligada a ele tenha uma boa expectativa de crescimento pela frente.
A fórmula para calcular o DY é a seguinte:
Dividend Yield = dividendo anual por ação ÷ preço de cada ação
ROE (Return On Equity)
Este é um indicador muito importante para analisar o desempenho de uma empresa, mostrando se ela consegue crescer utilizando apenas seus recursos e patrimônio. Dessa forma, ele é muito utilizado por quem deseja entender a eficiência da gestão de uma empresa.
É por isso que a sigla ROE significa Return On Equity, ou em bom português, Retorno sobre Patrimônio. Ou seja, mede a capacidade de uma empresa de agregar valor utilizando seus próprios recursos.
O ROE é expresso em porcentagem e é calculado assim:
ROE = Lucro Líquido ÷ Patrimônio Líquido
Como você já deve estar imaginando, quanto maior o percentual do ROE, maior será o potencial de crescimento daquela empresa. E você não precisa analisar somente os valores atuais. Uma boa dica é calcular a média de ROE dos últimos 5 ou 10 anos, pois assim é possível ter uma boa visão sobre o histórico de crescimento da empresa.